Vera

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Contra capa do livro Crônicas ou coisa parecida "Taipas"

Estrela Cadente

Numa marcha lenta sobre meu pingo
Vou pensando nela, em tudo que sinto
Vou no rumo do rancho de volta da lide
Por debaixo do poncho o coração me arde

Já de chegada cevo meu mate
E me abanco ao pé da janela
E fico bombeando pela vidraça
La no céu a estrela xirua

Cai à noite e no céu silente
A estrela xirua já tem companhia
Uma estrela cadente cruza o horizonte
Faço um desejo por ti guria...

Estrela que se despenca
Te peço que faça acontecer
Traga pra mim esta prenda
Pois ela é o meu bem querer!


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Filosofer


Um projeto de vida deve ser, é viver
Não o que fazer com a vida
As melhores coisas da vida
Foram-nos dadas de graça
Um dia de sol a chuva
O amanhecer o entardecer
A lua as estrelas as madrugadas
Tudo isso encanta, inspira
Um aprendiz de poeta.

Mas o tempo não tem tempo
Por isso parei de contar o tempo
A gente vive morrendo o tempo todo
Morrendo aos poucos cada um há seu tempo
A morte se pertence, existem outras vidas,
Penso assim, nada acontece antes do seu tempo
 Quiçá em outros tempos, haja um seu tempo...

 Um poeta escreve por gosto
Não espera nem busca recompensa por isso
O que por cá é escrito não foi escrito num dia
Tem erros de escrita quiçá precise de retoques,
De correções, assim como a vida
Coisas da vida...

Sendo um ser humano às vezes penso
Se tudo isso é certo ou errado
Às vezes chego a pensar que
Somos parte de um plano,
E assim sendo já temos
Nossos destinos traçados
Mas e o livre arbítrio?
Vou pensar, eu vou pensar... 

Imagem Vera Lúcia 

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Senhor sem Asas


Sou um homem apenas
Já fui poeta, homem
Mas a musa cortou-me uma asa
Separando o poeta do homem

Minha poesia, sem uma asa
Se recente da mulher, musa
Com uma asa não se pode voar
E a poesia não voa, fica reclusa

Diz a Musa que poeta é um Anjo
O poeta diz ser um homem apenas
A musa tem seus planos
E o poeta suas lembranças...

 Asas, não as tenho, vôo sem elas
Sou um homem não um anjo,
Mas minh’alma essa sim é alada
É em suas asas que  eu vôo...
Imagem Google

terça-feira, 19 de julho de 2011

Licença Poética


Os ventos quentes do norte
Condensam-se nas superfícies frias
Proliferando a umidade
Com o calor da ventania

Ventania que desnorteia
Que se achega com a mudança de lua
Dentro das casas, umidade e frieza,
Abafamento e calor na rua

E assim fica o clima
Com destempero de temperatura
Assim fica por três dias
Cessam os ventos e cai chuva

E em versos eu falei
Que sem o tal do vento norte
Eu não saberia mais viver
Em verdade poetizei

A licitude poética assim me permite
Com o vento norte ninguém acostuma
Causa desassossego a todo vivente
Quando ele sopra a gente se desapruma
Imagem Google

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Estações


Já faz tempo, muito tempo
Tempo em que corria livre a “Gazela”
Tempo em que havia a flor e o jardineiro
Era setembro, havia um jardim, era primavera

Veio o verão com suas noites calientes
O jardineiro transformou-se em um morcego
E a flor em um beija-flor indolente
Que abandonou o jardim por não ter por ele apego

O outono disse a que veio
Caíram as folhas expondo o ninho
Que mesmo exposto ao abandono
Ainda conservava o calor e o carinho

E veio o inverno um longo e frio inverno
Mesmo assim, como colônias de fungos,
Proliferaram versos e poemas,
Pois a paixão não arrefeceu nem um segundo

Então ela voltou era de novo primavera
Mas o beija flor nunca vai mudar
Nunca mais será a flor ou Gazela
É mais forte o seu desejo de voar...
 Imagem Google